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Sobre a minha vaidade

Resolvi falar dela hoje. Quando falo em vaidade aqui, não falo sobre fazer dieta, maquiar-se, vestir-se bem, ficar cheirosa. Estou me referindo à vaidade de se importar com o que os outros pensam de mim. Vaidade de querer ser boa sempre. De querer ter razão. E querer que os outros vejam isso. De não aceitar o papel de vilã de vez em quando. Sabe querer ser a advogada da “vítima”?
Mas o que isso te interessa, né? Se você está lendo meus artigos, deve estar passando por um momento difícil e saber da minha vaidade não te importa muito (ou nada).
Mas resolvi escrever mesmo assim. Para quem quiser ler.
Tenho passado por uns momentos difíceis internos. Brigas com a família (é, eu também tenho uma!) e coisinhas do dia a dia que às vezes me desestabilizam um pouco.
Hoje tive um dia difícil desencadeado por uma ligação às 10h da manhã: um falso (? – é o que disse a Ouvidoria) atendente de uma empresa de telefonia que veio me assediar nojentamente no telefone. Senti-me o lixo que imagino muitas mulheres se sentem quando são “objetivizadas” desse jeito – ou seja, quase todo dia.
Comecei o dia com o pé esquerdo e fui resolvendo uns prazos, uns e-mails, até surgir uma discussão com uma assessora. A coisa era meio simples. Mas lá estava ela: a vaidade já abalada da manhã. E ela me cegou e deixei a coisa crescer dentro de mim.
Eu não podia estar errada (aí é mais o meu outro amigo Orgulho). Mas, mais do que isso: eu não podia ser vista por outra pessoa como errada. Ela TINHA que achar que eu estava certa. Eu tinha que ser A boa. Nem importava muito o resultado final, a questão em voga. O que pegava mesmo era que eu queria ser reconhecida e vista como boa.
Eu já tinha percebido que os problemas da minha família que vinham me atormentando eram culpa dessa minha amiga Vaidade também. Aí hoje, no meio desse dia (ai, queria muito usar uma palavra feia) ruim, quando estava gritando aos céus “Por que eu?????”, a resposta veio na lata: era ela.
É muito simples: a hora que eu entender que ninguém além de mim tem que me achar boa, que eu não preciso ter razão para mais ninguém além de mim mesma, tuuuudo isso passa, desde os perrengues da família, passando pelo atendente tarado até os assessores, partes contrárias, colegas…
E você, o que tem com isso?
Fiquei pensando quantas brigas familiares tem essa causa verdadeira. Quanto de vaidade e orgulho está submerso numa ponta de iceberg de guarda, partilha, alimentos, inventário…
Se você é a vítima (existe uma vítima?), esse conhecimento pode te ajudar caso você resolva simplesmente atender a um possível pedido de cura de vaidade ferida do seu “algoz”. Se ele quer ser visto como bom, deixa ele. Elogie. Agradeça. Peça desculpas. Reconheça. Um simples pedido de desculpa ou um reconhecimento já resolveram brigas familiares homéricas. Juro. Já vi.
E se você prefere não estar nesse lugar de vítima, quem sabe não reconheça em você também uma pontinha de orgulho/vaidade feridos. E, resolvendo aceitar que você não vai ter razão aos olhos do outro mesmo, você resolva desistir disso e se libertar desse mal junto comigo.
Afinal, é melhor ser feliz ou ter razão?


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