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40 Anos de Divórcio no Brasil: o Verdadeiro Divórcio Sem Culpa

Hoje, o divórcio completa 40 anos no Brasil. Há 40 anos, as pessoas têm reconhecido o seu direito de não mais manter um vínculo jurídico com alguém com quem não querem mais.

Antes da lei que instituiu o divórcio, as pessoas podiam se separar, mas mantinham um vínculo vitalício com o ex-cônjuge. Era o chamado desquite, que além da indesejável manutenção do vínculo jurídico, carregava uma mácula social, principalmente para as mulheres, que ficavam “mal vistas” pela sociedade.
Durante esses 40 anos, a legislação e as decisões judiciais evoluíram. Não existe mais tempo mínimo de separação antes do divórcio, não se fala mais em perder o direito ao nome e a principal evolução: ao Estado não cabe mais discutir de quem é a culpa pelo fim de um casamento.
40 anos depois da Lei do Divórcio, o preconceito foi bastante mitigado. Existe, ainda, em alguns contextos, mas, no geral, podemos dizer que a maioria das pessoas pelo menos não exclui mais alguém de seu ciclo social por ser divorciado, ou filho de pais divorciados.

Existe, porém, um outro preconceito, que ainda subsiste. É uma carga que se coloca no divórcio, maior do que ele precisa carregar.
O divórcio é muito triste, sim. É um fim. E pode vir carregado de muitas coisas: de culpa, sentimento de fracasso, medo, mágoa, briga.
Mas isso não é o divórcio em si. Ele também pode ser recheado de gratidão e reconhecimento pelo tempo passado, por seus frutos, pode envolver esperanças para o futuro, pode incluir segurança em si, no outro, na vida e na felicidade. Ele pode ser entendido como o fechamento de ciclo e início de um novo, o cumprimento de uma missão de amor entre duas pessoas, pode trazer a sensação de sucesso pelo tempo que durou.
Não trago aqui uma “apologia” ao divórcio. É lindo conseguir manter um casamento por toda uma vida. Conseguir se transformar junto com o outro, se apaixonar várias vezes, por motivos diferentes, pela mesma pessoa, superar crises e crescer com elas.
Mas é preciso deixar de se pensar que o divórcio é feio, que se separar é fracassar, que é contrário à lei do amor.
Separar-se pode ser um ato de amor, amor próprio e ao outro. Pode ser feito com amor, mesmo que o fim não deixe de ser dolorido.

O divórcio pode mesmo ser muito feio. Pode trazer à tona o pior das pessoas. Mas também pode ser a descoberta de um grande potencial, uma grande força interior, pode ser um grande aprendizado de uma nova forma de lidar com conflitos, pode ser a descoberta de uma grande amizade. Pode ser um grande exercício de perdão.
Mas, após 40 anos de divórcio no Brasil, talvez seja o tempo de não ser mais o divórcio algo a ser perdoado. Podemos pegar essa culpa, esse sentimento velho, que falava aos nossos antigos corações, mas que não tem mais espaço nesse novo mundo, amassar ela bem amassadinha e jogar bem longe.

A Culpa olha para o passado, não agrega, não transforma. Vivemos a era da responsabilidade. A responsabilidade trata do presente, traz cuidado e transformação. É chegado o tempo do verdadeiro Divórcio Sem Culpa. Tempo do Divórcio Responsável.
A culpa pelo fim do casamento já não tem mais espaço nos Tribunais. Falta agora deixar de ter espaço nos nossos corações.


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